Biblioteca Francisca Keller
A Biblioteca Francisca Keller (BFK) faz parte do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) do Museu Nacional/UFRJ e integra o Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ. Antes do incêndio de setembro de 2018 que a destruiu completamente, era considerada uma das mais importantes bibliotecas de Ciências Sociais do Brasil e da América Latina, abrigando um inestimável acervo de cerca de 37.000 volumes, constituído desde sua fundação em 1968.
Após o incêndio, mobilizou-se uma grande rede de solidariedade envolvendo professores, técnicos, bibliotecários e estudantes da UFRJ e de outras instituições nacionais e internacionais para reerguer a BFK. Assim, foram iniciadas inúmeras ações como doações e transporte de livros, aquisição de mobiliários e elaboração de um projeto arquitetônico para acomodar a nova BFK. Para mais informações sobre a campanha de doação de recursos e livros, clique aqui.
O projeto – desenvolvido pela arquiteta e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFRJ) Marina Correia e estudantes de graduação – se propõe a realizar uma intervenção arquitetônica e paisagística em um espaço de 335m² localizado nas áreas internas do Prédio da Biblioteca Central e jardins do Horto Botânico. Conheça o projeto clicando no botão abaixo.
Saiba mais sobre a história da biblioteca:
Conheça nosso regimento interno:
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Francisca Isabel Schurig Vieira Keller (1935 – 1981)
"Francisca Isabel Schurig Vieira Keller foi uma antropóloga entusiasmada com sua profissão. Serena e equilibrada, profissional lúcida que era, conseguiu levar adiante seus projetos de pesquisa e suas atividades docentes e administrativas, nos últimos anos quase como um desafio à morte. Embora seus colegas e amigos mais chegados, do Museu Nacional, soubessem da gravidade da sua doença, foram surpreendidos com seu falecimento a 25 de dezembro de 1981.
Sua discrição e sua enorme vontade de viver, escorada por uma capacidade de trabalho constante durante todo o período em que esteve doente, a manteve presente mesmo na sua ausência. A doença não impediu de continuar suas pesquisas e orientar seus alunos. A última dissertação de mestrado que orientou foi defendida poucas semanas antes de sua morte, e certamente seu autor, Luis Roberto Cardoso de Oliveira, ficou tão chocado como todo nós. Da mesma forma, só deixou a coordenação do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Nacional – cargo que exerceu de agosto de 1980 a maio de 1981 – quando seu estado de saúde se agravou inexoravelmente.. Francisca nasceu em São Paulo, 20 de fevereiro de 1935. Graduou-se em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Sedes Sapientiae” da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1957. Obteve o grau de mestre em Antropologia Social no King’s College University of Durham (Newcastle, Inglaterra), em 1962. Completou seu doutorado em Ciências (Antropologia), com orientação do Professor Florestan Fernandes, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, em 1967. Iniciou sua carreira docente na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1960, e a partir de 1963 foi contratada como professora da cadeira de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília, São Paulo, onde permaneceu até 1968. Mas a maior parte de sua vida profissional - como pesquisadora e professora de Antropologia Social – realizou-se no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, que ajudou a fundar e consolidar como instituição modelo de pós-graduação. Veio para o Museu Nacional, em 1968, a convite do Professor Roberto Cardoso de Oliveira, então chefe do Departamento de Antropologia, para integrar o grupo de antropólogos que constituiu o primeiro corpo docente do PPGAS. No âmbito do ensino de Antropologia a nível de pós-graduação sua contribuição foi valiosa. Foi responsável por várias disciplinas, especialmente “Minorias Nacionais”, “Estudos Regionais e de Comunidade” e “Métodos de Análise em Antropologia Social”. Orientou diversas dissertações de mestrado e participou de inúmeras bancas examinadoras, dando sua contribuição crítica sempre com a seriedade e a meticulosidade que lhe eram peculiares. Seus interesses e sua contribuição à pesquisa antropológica foram bastante diversificados nesses quase vinte anos de carreira, mas seu trabalho mais conhecido é um estudo sobre o grupo étnico japonês na região de Marília (O Japonês na Frente de Expansão Paulista, São Paulo, Livraria Pioneira/Editora da USP, 1973) – cuja primeira versão foi sua tese de doutoramento, com o título “A absorção do japonês em Marília”.Boa parte dos artigos que publicou refere-se a esta problemática étnica. Fez pesquisas de campo com o grupo japonês nos Estados de São Paulo e Mato Grosso. Sem abandonar essa área maior de seu interesse, que são os grupos minoritários, participou da pesquisa “Estudo Comparativo do Desenvolvimento Regional”, no Brasil centro-oeste, iniciada em 1969, na qual colaboraram professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional. Foi responsável pelo survey preliminar desse projeto, cujo objetivo principal era o treinamento de alunos pós-graduados na pesquisa de campo. A partir daí, aumentou seu interesse por essa área, especialmente Maranhão e sul do Pará, onde desenvolveu os projetos “A emergência de novas formações sociais no Tocantins Maranhense” e “Empreendimentos Agro-Pecuários no Sul do Pará e Norte do Mato Grosso”. Os resultados dessas pesquisas permanecem, em parte, inéditos – contidos em relatórios e artigos que não chegou a publicar. Seus artigos “O homem na Frente de Expansão: permanência, mudança e conflito”, (Revista de História nº 102, 1975), e “Carmosa e seu vaqueiro: uma caso familiar no sertão”, (Anuário Antropológico/76, Rio de Janeiro, Ed. Tempo Brasileiro, 1977) são uma mostra exemplar da sua sensibilidade e capacidade de observação. |
Nos últimos anos dedicou-se mais ao tema “Frentes de Expansão”, tanto no que se refere à pesquisa como ao ensino, mas sem ter condições de saúde para retomar o trabalho de campo iniciado em 1970 e 1973. Não abandonou, porém, os estudos étnicos, tendo, inclusive, organizado coletânea de trabalhos sobre diversos grupos minoritários no Brasil, quase todos de ex-alunos, que não chegou a editar. Com otimismo e muita vontade, apresentou ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social novo projeto de pesquisa no segundo semestre de 1981, em linha de trabalho inteiramente diferente, intitulado “Ideologia de parentesco visualizada por crianças de 4 a 10 anos”, cujo objetivo era a análise do sistema de parentesco em dada camada da sociedade brasileira e o estudo da socialização de determinado grupo de crianças. A morte veio interromper a trajetória acadêmica de uma pessoa que havia chegado ao máximo da sua maturidade intelectual, como atestam os resultados das pesquisas que realizou e o seu profícuo desempenho como professora de um programa de pós-graduação ao qual deu contribuição singular e insubstituível."
SEYFERTH, Giralda. Francisca Isabel Schurig Vieira Keller (1935-1981). In: Revista de Antropologia, n.25, p. 199-200, 1982.
Equipe
Adriana Ornellas Bibliotecária responsável Alexandre Nascimento de Almeida Bibliotecário Dulce Maranha Paes de Carvalho Bibliotecária Regina Cardoso Bibliotecária Soraia Santana Capello Bibliotecária Fernando Lima Auxiliar de Biblioteca Márcio Nunes de Miranda Auxiliar de Biblioteca |
Endereço
Biblioteca Francisca Keller PPGAS - Prédio da Biblioteca Central do Museu Nacional Quinta da Boa Vista, s/n - Horto Botânico São Cristóvão - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 20940-040 [em obras] Atendimento presencial provisório: Rua Bartolomeu Gusmão, 875 São Cristóvão Prédio da Administração, sala 14 |
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